Páginas

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Ebook - Ensaio sobre a Graça

Um conceito esquecido chamado Graça


Nada mais carece tanto ser entendida no nosso meio do que a Graça de Deus.

Você já se viu ansioso, neurótico, pois não tinha certeza de estar salvo o suficiente? perto de Deus o suficiente? 

Já se sentiu impróprio para estar na igreja após ter tropeçado e pecado? Sequer conseguiu exercer seus ministérios porque se sentiu miserável, sujo, um verme pecador e que não merecia trabalhar na Obra de Deus ?

Já ficou se policiando o tempo todo em cada respirada, tentando cobrir todas as suas possíveis faltas? Já achou que conseguiu mas se viu frio dentro da sua vida com Deus?

"Jesus morreu por nossos pecados na cruz. E o que isso implica na minha vida com Deus?" - você já se fez essa pergunta? 

Se você pensou SIM, o Ebook abaixo - gratuito - pode fazer a diferença no seu coração.

Sentimos que alguma coisa tem que nos dizer ou nos mostrar que iremos para o Céu. Alguma coisa deve ser feita pois não sabemos se somos mesmo salvos, pois sentimos uma angústia em nós, um medo de estar errando...de descobrir no fim da vida que você não foi bom o suficiente...não conseguiu correr a corrida...





Com tantas coisas esquisitas pregadas pelas igrejas da TV, em livros e tantas "receitas espirituais infalíveis", a cada nova pregação que ouvimos ou lemos nos sentimos em falta com alguma coisa, ou nos vemos em busca de um "novo segredo espiritual" capaz de satisfazer nossas angústias e desejos.

Será que esse "mundo gospel" é realmente necessário? está tudo correto? se não estiver dentro dele, será que eu estarei condenado ao inferno? 

Comprar kit de unção é bíblico? fazer votos e jejuns a Deus em busca de bençãos, é lícito?

Como cantar "Eu sou livre" e sentir-se tão restrito por dentro e fora?

Estes e outros assuntos relacionados estão nesse livreto.



segunda-feira, 14 de abril de 2014

Noé (2014): uma opinião de quem gosta de filme!

Noé: comentário de quem gosta de filme



Não é brincadeira a quantidade de críticas que existem circulando na web sobre Russel Crowe no novo filme Noé.
Eu gostaria de escrever o que achei do filme do ponto de vista de quem gosta de filme.

Desde os fundamentalistas religiosos até os fundamentalistas "anti-biblia: Todos tem algo a acrescentar, evidenciar e julgar.

O blog Drops de Fé é pra coisas da fé, mas a fé muitas vezes deve ser prática e ultrapassar a religião, não ignorando que estamos no mundo, mas amando e retendo o que é bom!

Mais pro final eu dou uma comentada mais “crente”, por hora falemos de cinema!!

O filme é um épico blockbuster perfeito. Excelente como épico.

Paisagens e Cores



A cenografia é muito boa, marcante. Sejam pastos verdejantes ou colinas desoladas, a paisagem é recheada de elementos intensos e que transmitem a sensação que o lugar deveria passar a quem lá estivesse.

A iluminação do filme é muito bem feita, sendo sombria quando tem que ser, quente e acolhedora quando o momento é de intimidade e ternura, e claro e majestoso quando os eventos precisam. Não é daqueles filmes que ficam escuros e cinzentos o tempo todo.

Assista em 3D digital se puder, vale muito a pena!


Ritmo

O ritmo do filme é intenso, e nos poucos momentos de calmaria, o diretor coloca certas revelações ou interações entre os personagens, a fim de comprimir a mola do enredo para mais uma sequência intensa.

Aliás, os momentos de ação, de drama e tragédia são o que são e foram muito bem interpretados. Russel Crowe foi capaz de ser o bondoso devoto, e também o radical cruel, de maneira convincente. Noé neste filme não deixa de ser humano, ter dúvidas, raiva, sangrar e suar. Tem um ar revival de gladiador no Noé de Crowe, mas que foi bem dosado.

Emma Watson foi bem mais marcante do que sua costumaz Hermione de outrora, batendo um bolão de drama em seus momentos com Noé. Mas ainda acho que falta ela ter mais abertura e movimento nos olhos. Eles continuam com pouca expressividade.

Anthony Hopkins está como sempre, um ator de primeira - e cada vez mais - rara grandeza, fazendo um Matusalém digno de se ver.



Do ponto de vista de humanidade, o que se diz por aí é verdade - o filme deixa Noé e outros personagens citados, muito mais humanos e "feitos de carne e osso", sendo capazes o tempo todo de fazer tanto o bem quanto o mal (que teoricamente está justificando o dilúvio).


Detalhes valiosos esquecidos...

Apesar de tanta coisa boa no filme, o figurino das pessoas no filme está com ares de Mad Max, pessoas usando calças e camisas de manga, ambos feitos de couro, pele de ovelha e outros tecidos rústicos...bem distante do que se poderia esperar a mais de 6000 anos atrás.
Veja na foto que até touca as blusas tinham. Até pra um filme de Robin Hood estaria "morderninho".
 


Idem para facas de aço e utensílios semelhantes, que só apareceriam muito tempo depois quando o homem iniciou a forja de metais. 

Aliás, diga-se de passagem: para quem defende tanto o vegetarianismo implicitamente, os personagens usarem materiais de couro é meio contraditório (risos).

Veja que a bíblia narra que Zípora esposa de Moisés usou uma pedra afiada para circuncidar o filho Gerson a caminho do Egito. Facas de sílex, de pedras lascadas e coisas semelhantes eram mais plausíveis.

Outra coisa - o pessoal usa sapatos!! botas de couro estilizadas, parecidas com a Idade Média! Tenho muitas dúvidas se isso seria possível.

Roteiro

Agora vamos à história, ao enredo, o roteiro do filme.

O enredo é bem linear e entrelaçado, sem aqueles momentos do tipo "de onde raios sai essa coisa?" ou "como assim a história chegou nesse ponto?". Palmas pra produção do filme.

O roteirista explora bem os ícones ou marcos da narrativa bíblica, preenchendo as partes entre eles – não contados nas escrituras – de maneira inteligente.

Qualquer adaptação ou história escrita no século 21 – como esse novo Noé – vai carregar as preocupações e morais do século 21.

Em Noé (2014), a temática central é o castigo de Deus sobre a humanidade que “estragou” a Criação linda e perfeita. Que Deus está erradicando uma praga, pois não sabemos usar da Terra o que ela oferece na medida do necessário somente. 

O Greenpeace (que eu admiro) ficaria muito satisfeito. É feito uma defesa dos animais, e também certo preconceito do hábito carnívoro do homem, tratando como algo supersticioso e desnecessário. É citado que o homem deveria cuidar de cada par de bichos pois eram preciosos para a Criação e únicos, que não poderíamos descuidar e deixar que uma espécie sumisse da face da Terra!

Um comentário “mais cristão” (parêntesis propositais)

Como cristão, posso tecer comentários sobre a história contada.

Se você espera um retrato da narrativa bíblica, esqueça. É baseado nela, mas virou uma história a parte. Muito boa e empolgante. Mas a parte. Se você quer a história original, leia em Gênesis. O filme em questão é pra curtir, não pra doutrinar! Se você espera uma aula de Escola Dominical feita por Hollywood, continue esperando (risos)...

Lembre-se que é um filme de Hollywood, e precisa dar lucro. Precisa ter elementos típicos de filmes épicos, arquétipos como o herói, a escolha do herói entre o caminho do bem e das sombras, o mito do vilão arrependido que alcança paz e se redime, etc, etc.

O roteirista claramente teve contato com o livro apócrifo e pseudoepígrafe de Enoque (citado na epistola de Judas no NT), especialmente no tocante aos anjos Sentinelas que caíram expulsos do Céu, algo citado também na Bíblia atualmente aceita, nos livros de Genesis (cap 6) e Judas.
A lógica da queda desses anjos (Gen 6, e Apócrifo de Enoque) foi invertida, e eles passaram a ser “os injustiçados” por terem tido compaixão do ser humano expulso do Paraíso. O fato de eles terem tido filhos mestiços com as humanas nem foi citado!

Foram incorporados ao enredo personagens diferentes ou fora de contexto, como Tubalcaim que era construtor e não um general. Ila, a filha adotiva de Noé (pra dar um drama), que é esposa de Sem.

Falando em personagens alterados, o filme trata o Matusalém, avô de Noé, como um velho curandeiro, cheio de mandingas e mágicas para curar e alterar as coisas...como um velho pajé ou druida...

Uma coisa bem retratada – e caricaturada no Tubalcaim da história – é a violência e brutalidade da humanidade daquela época, animalizada. Muito bem retratado a grosseria, o quão “broncos” eram aqueles que viviam. Muitas vezes lemos textos da Bíblia no Antigo Testamento e esquecemos que o homem daquela época matava e mutilava os inimigos, e ia dormir super tranquilo. Diferente do homem de hoje, todo polido, com etiqueta e opiniões do que é certo e errado, politizado...

Enfim meu querido e minha querida, se você espera um filme que te faça aprender essa história da Bíblia, espere os irmãos Kendrick filmarem Noé, e fazer sucesso como em Desafiando Gigantes e A Virada. No mais, não procure pelo em ovo, lembre-se que o filme é hollywoodiano e tem que bombar nas telonas.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Os chacais da fé

Os chacais da fé



Uma muleta de compensação ao ignorar a Graça, e uma das mais perigosas e diabólicas, é o neo-gnosticismo ou gnosticismo cristão. Os gnósticos eram pessoas que se consideravam detentoras de segredos poderosos para iluminação e sucesso espiritual, segredos e métodos (fora de Jesus), manipuláveis pelos iniciados[1].

Missionários, apóstolos, evangelistas e outros entitulados têm trazido isso para dentro das igrejas novamente, baseado em suas “experiências sobrenaturais” e seus frequentes passados ocultistas. Ex-bruxos, ex-satanistas, gente que “morreu” e voltou, cada um com uma revelação diferente e todos detentores de segredos sobre a “dinâmica do mundo espiritual”. Claro que sempre seguidos de uma agenda de palestras apertada, livros e DVD’s a pronta-entrega e seminários caríssimos.

Eles não tem igreja. Vivem itinerantes nas igrejas já formadas, em palestras, seminários e em materiais cheios de “mística cristã”. E nessa época de redes sociais e Youtube, roubam silenciosamente a mente das ovelhas que domingo comungam na igreja séria, e depois ao longo da semana se alimentam pela internet dessa heresia contagiante.

São os chacais da fé, que vivem da carniça da igreja dos outros, de vítimas machucadas e fracas que os lobos da fé não quiseram. São diferentes dos lobos. Os lobos em pele de cordeiro já são conhecidos e reconhecíveis, são os que exploram o povo de Deus legitimamente inseridos como pastores/líderes de uma denominação, administram uma igreja e suas ovelhas de maneira escusa e maléfica. Criam sim muita bobagem teológica, e inventam sim muitas maneiras de enriquecer. Mas são pastores de carteirinha e arcam com tudo que envolve a administração eclesiástica. Os chacais não são arrojados o suficiente para fazê-lo, apenas vivem de maneira covarde no meio das que já existem, vivendo do aprisco dos outros.

Esses gnósticos cristãos são chacais, que não caçam, apenas andam sorrateiros de igreja em igreja em busca de carniça, de resto daqueles que se empenham. Sequer tem a honra de serem predadores legítimos. E no primeiro alarde, se embrenham no mato e somem novamente à espreita, até momento oportuno.

Eles criticam os mercadores da fé da mídia, mas eles mesmos são menos que isso. São mascates de mistérios, mascates da fé, que vão de porta em porta oferecendo itens “exclusivos” que eles mesmos distorcem e fabricam para seu sustento.


Características – identificando um chacal

Despertam um universo de terror na mente do cristão, e oferecem humildemente sua gnose (sabedoria secreta) como saída para os aterrorizados. Interagem rotineiramente com anjos, demônios, lutam com príncipes do inferno, vão e voltam do inferno ou do céu, e não raro falam diretamente com Jesus em carne ou são tentados pelo próprio diabo - que na história toda da bíblia só fez isso pessoalmente duas vezes: com Adão, e com Jesus – o segundo Adão.
Me admiro o que tais pessoas tem que possam estar em pé de igualdade para tamanha tentação. Paulo teve um espinho na carne, e estes chacais enfrentam o “tinhoso” em pessoa.

Tudo que vem disso é baseado fora da Bíblia e qualquer apoio exegético[2] ou hermenêutico[3] sério dela. No máximo do razoável, podemos dizer que é empirismo, que montaram teologias em cima de sensações e experiências mentais particulares.

É justificado por tais “profetas” que seu ministério é de “libertar os cativos” deste “mundo tenebroso” que eles mesmos criaram no imaginário dos seus ouvintes/leitores. Os tais geram mais divisões do que edificam, “pescam no aquário dos outros”, aparentam frutos bonitos mas a longo prazo se mostram verdadeiros filhos do inferno e não defensores da luz.

Se mostram como as novas vozes que clamam no deserto, se vestem de João Batista, como se possuissem uma verdade nova e libertadora e fossem uma pequena luz no meio da escuridão do “sistema religioso contaminado”- um chavão muito usado. Na verdade eles não entram em nenhuma igreja e tentam consertar ou pregar com base teológica sólida.

São uma voz suave dizendo “venham vocês que estão cansados, e eu vos aliviarei”. Se travestem de anjo de luz. No fundo, apenas uma esperta estratégia de negar o que existe “no mercado”, para pescar os que estão cansados ou machucados.

Aliás, uma característica marcante é a de que sempre vêem e descrevem a si mesmos como “injustiçados e perseguidos por disseminar a verdade [a deles], e isso é o fardo de seu ministério, o preço por não aceitarem o sistema contaminado”.

Estes camaradas fazem uso, na construção de seu personagem, da saga do herói. Um passado sombrio, uma decisão difícil, a caminhada heróica e a missão messiânica de “levantar um exército”. Diga-se de passagem, outra característica é que achar o passado dessa turma é mistério, coisa de Indiana Jones.

Se você tiver tempo, procure na internet sobre a Jornada do Herói, que é uma maneira de construir mitos empolgantes, inventada pelos gregos antes de Jesus nascer. Pegue a tal biografia do líder e compare com essa maneira de contar uma fantasia. Veja se não existem paralelos escancarados entre o líder chacal e o mito do Escolhido. Procure biografias e livros de outros "ex"-alguma coisa e repare se não contam algo igual, trocando às vezes apenas o país/cidade e o sexo das pessoas citadas.

Dificilmente esses chacais batem de frente com leões (pastores comprometidos com Deus) ou com lobos (pastores desonestos). O chacal, assim como a hiena, não é um animal de combate direto. Assim, da mesma forma, estes carniceiros da fé vivem da subversão, da pregação “boca a boca”, de livros e DVD’s copiados de maneira furtiva para/entre membros de igrejas.


Normalmente estes profetas de “uma nova revelação” se embrenham furtivamente e serpenteiam itinerantemente por várias igrejas e comunidades, divulgando seus materiais e sementes “teológicas”.

A Teatralidade é quase uma marca registrada! Todos constróem para si um personagem, uma imagem, um traço característico. Tem os que criam um personagem judaizante, outro com ares de monge, outro com pompa de apresentador...
Grande parte desses chacais usam pseudônimos, nomes falsos, sob a justificativa de algum “nome de batismo espiritual” (qual a diferença que existe para nome de batismo da igreja romana?) ou por proteção de sua vida pois “entregam os segredos do mundo espiritual e/ou do sistema corrompido”. Ou então criam conspirações mundiais tenebrosas que estão caçando-os para matar. Porém eles tem conta no Facebook, Instagram, apresentam seminários em igrejas e salões, com endereço e hora marcada. Qualquer conspiração infernal é capaz de mandar algum atentado violento se quisesse. 

Esses chacais usam nomes falsos para encobrir quem são na vida real, pois quem convive com eles ou conhece a história real de vida deles e de seus parentes, sabem bem com quem estão lidando. Quem estudou junto, quem trabalhou junto, quem aparece nas biografias poderia ser questionado e expor que o santo é de pau oco.

Tão diferente de grandes líderes e heróis do evangelho, que deram a cara a tapa, foram presos, torturados, sofreram preconceito e todo dia tem que dar bom testemunho e dizer a verdade, pois senão todos os que o conhecem poderiam denunciar a falsidade.


Dinâmica dos chacais: vida, sumiço e retorno

Às vezes tem breves períodos de celebridade, ajuntam adeptos com seu discurso, formam “centros de treinamento”, “bases de pregação”, vendem muito material (livros e DVD’s) e são tidos como “autoridades espirituais”. Se estrelizam.

Frequentemente interagem com outros chacais, e na hora de atacar os leões e lobos da fé, se unem, se amam. Quando sobra a carcaça das igrejas atacadas, se mordem entre si.

A dinâmica destes chacais da fé tem sido a mesma por décadas. Depois de ajuntarem seu séquito de fãs, todos sedentos por algo dito “novo e puro”, recaem em um de dois grandes caminhos: envolvem-se em algum escândalo ou em um cisma (racha, divisão) com seus liderados, o que os leva rapidamente a outro período de serpentear na penumbra até que todos esqueçam.



São porta-vozes de conceitos nebulosos e controversos como “mapeamentos espirituais” de cidades e bairros, localizando “portais do inferno” por onde o mal entra, fechando “brechas espirituais” e “canais ou shakras” nos fiéis, por onde os demônios supostamente se ligariam; Seguido a isso há certo uso de “atos proféticos” e outras profetadas que atrapalham a vida dos que recebem tal informação falsa, ou acabam por concretizá-las por profecia auto-realizada[4].

Estes mascates da fé, chacais de igreja, assim como os chacais da natureza, só existem porque existe um nicho ecológico para eles; existe a geração de carcaças e carniças que nem os leões nem os lobos se interessam. Carcaças de igrejas, e ovelhas com vidas destroçadas chamam alguém que se alimente delas...é um banquete fácil, que não exige trabalho. É resto do trabalho dos outros.

Você me pergunta como eu sei? Já fui um dos “capturados” por chacais, alimentei e ainda defendi. E durante esse período vi outros chacais que andavam junto ou próximos. E todos partilhavam as mesmas características.


Características do ministério dos chacais

Para quem já viu de perto, é possível traçar alguns elementos comuns do ministério desses chacais.
Primeiro, olhe para você mesmo. 
Você está cada vez mais paranóico, enxergando o oculto e o sobrenatural em tudo. Talvez você não consiga mais reconhecer a Graça de Deus ao seu redor, mas está super entendido(a) de diabo, demônios, portais e teorias da conspiração global. 

E como é prazeroso a você se sentir parte de um grupo especial, que diz conhecer segredos ocultos, saber a "real verdade" ignorada pelos demais crentes! E com o tempo você passa a tentar explicar essa "verdade oculta" para todos que encontra, especialmente os crentes que ainda não conhecem isso, como se fosse um revendedor de cosmético comissionado. 

Uma característica desse tipo de seita é tratar o grupo como um conjunto de "iniciados", que conhecem algo secreto, um grupo de "resistência" contra tudo e todos. Quem questionar é porque ou é usado pelo Maligno ou é porque é ignorante, não está preparado para ouvir, e "está sendo enganado em igrejas mornas e inofensivas".

Agora, que conhecimento é esse que não pode ser encontrado na Bíblia? que teologia é essa que não consegue ser compatível com grandes heróis modernos da fé como Lutero, Calvino, Santo Agostinho, etc? isso faz parte do complexo de "messias" desses líderes chacais: só ele é o esperto, o iluminado, mais do que todos esses mártires que falavam latim, grego, hebraico e outras 3 línguas, montavam comunidades sob risco de perseguição. Gálatas 1:8 - ainda que um anjo de luz apareça com outro conteúdo "adicional" ao evangelho, que seja maldito. Como um pastor amado me disse certa vez, "se nem o que está no Evangelho você está fazendo 100%, você ainda quer colocar mais?"

Pense e repare: muitos dos workshops, seminários e materiais divulgados (não raro, vendidos e pagos) deixam você extremamente focado em cálculos complicados e ginásticas mentais para fazer os versos da Bíblia "dizerem"  as coisas ocultas que o líder diz saber. A justificativa é que "o Espírito Santo revelou nas entrelinhas da Palavra". Mas se o Espírito é dado a todos os crentes, porque apenas ele o líder iluminado enxergou isso na comunidade?

Pense, quanto do que você aprende desse líder te remete às coisas abaixo?

  • Auto avaliação da nossa condição pecadora
  • Implantação do Reino e seus valores pelas mãos suas como igreja
  • Busca por santidade 
  • Boa mordomia do que foi dado por Deus, abençoando nosso semelhante


E para esses líderes, as igrejas 'convencionais' como presbiteriana, batista, etc são ditas 'inofensivas' pois não estão atacando o problema real, cuja verdade oculta vocês da seita conhecem. Então o melhor, na fala do líder, é você sair delas e ficar no "remanescente fiel" ou qualquer outra figura de linguagem do velho testamento (eles adoram figuras como Gideão e seus 300, Josué e outros que foram "peneirados" por Deus, pra dizer que quem está com eles é também alguém fiel e peneirado por Deus).

Se você botar reparo, vai ver que confia no que ele(a) missionário(a) fala não devido a ele(a) conhecer a Deus, mas pelo tanto que ele conhece do lado do diabo (supostamente). Você tem mais medo do mal do que amor pelo bem, na prática.

Você acaba gastando mais do que pode em prol do "ministério", prejudica seu descanso em prol desse 'missionário' e/ou sua equipe, mas raramente desfruta com eles do que foi arrecadado. Você participa da luta, mas não da comemoração íntima do grupo de líderes. Sua vida está ficando sempre em 2o plano, mas a dele(a) missionário(a) está avançando. Você se acaba para levantar fundos para campanhas e alvos dos quais não participará, sem com isso angariar nenhum prestígio ou carinho da parte da liderança.

Aliás esse é um traço bem característico: há um círculo íntimo e fechado ao redor do líder, extremamente difícil de ter intimidade. Você interage sempre com intermediários da confiança dele(a). E o nível de atenção que recebe está diretamente ligado ao tanto de esforço que dedica, mas nunca o suficiente para se tornar amigo, um irmão chegado. Eles podem ir na sua casa. Você jamais tomou um café na casa deles. Que pastor(a) é esse(a) que não tem o cheiro da ovelha? Lembre-se de João 10 (leia todo), o pastor é íntimo da ovelha e vice-versa.

É bem comum nesse meio da liderança de chacais, serem criados "grupos dentro de grupos". Você nunca está em todos por mais que se doe. Eles acabam semeando a discórdia e desconfiança entre os membros, maldizendo aqueles que estão receosos ou começaram a questionar a seita. Eles incentivam a denúncia mútua de "possíveis desertores" para serem perseguidos, ameaçados sobrenaturalmente ou de gente de fora apontando os podres, para serem processados judicialmente. São táticas dignas do 3o Reich! 

E basta um erro, uma discordância - mesmo que justa, pautada na Bíblia - para você ser colocado na "geladeira" ou "no banco". Questionar o(a) líder é ir contra a pureza do ministério. Se insistir no questionamento/discordância, os métodos mais facistas são utilizados: bloqueio nos grupos de rede social, afastamento das funções nas reuniões, e comunicações cada vez mais ásperas. E quem tem contato com o líder e seu círculo, recebe uma enxurrada de comentários e invenções que visam assassinar a reputação do quesitonador. Exceto se a pessoa 'abaixar a cabeça' e reconhecer que o líder estava certo, e claro, ele por ser "muito de Deus" vai perdoar na frente de todos, com um grande show.

E isso leva a outra característica: a cada tanto tempo, surge alguém que soma e se destaca no meio da comunidade liderada pelo chacal. Ele traz pra perto, exalta, honra, mas em pouco tempo acontece uma cisão, um 'racha' feio que é usado para aumentar ainda mais a 'aura' ao redor do líder traído, que tanto fez pela pessoa. Não raro, esse racha acontece pela liderança usurpar algo do ministério da pessoa, que inocente ofereceu seus serviços à comunidade.

Pode procurar que você vai achar inúmeras pessoas que passaram pelo tal ministro(a) e saíram queimadas, processadas judicialmente e usurpadas. Mas que agora, diferente dos bons tempos, são difamadas e tratadas como inimigas do evangelho "de verdade". E essa gente (o lider e seu grupo de confiança) são baixos, rasteiros, e vivem tentando juntar dinheiro às custas de processar quem "aproveitou-se do coração aberto deles".


Minha recomendação é: saia, saia rápido, sem muitas explicações ou desculpas. Apenas saia. Ignore ameaças como "perder a cobertura espiritual" ou "ficar com a brecha aberta, exposto(a) ao inimigo". Quem ama mesmo em Cristo, vai orar por você quer concorde, quer discorde de você. Não precisa de filiação ao clube.

Que possamos atacar os lobos como se fossemos leões, e aprendamos a achar os pequenos e astutos chacais no meio das nossas ovelhas!


 Glossário




[1] Iniciado: membro recém-treinado de uma seita secreta, em geral aprende o tal segredo e faz voto de silêncio
[2] A Exegese estuda como interpretar corretamente os textos, levando em conta história, sociedade da época, cultura de quem escreveu, ou seja, procura extrair o melhor possível o que tal texto significava para o autor
[3] A Hermeneutica atua em extrair o sentido e aplicação do texto para aquele que o lê hoje
[4] A pessoa fica tão sugestionada pela profecia que inconscientemente faz com que aquilo aconteça