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quinta-feira, 2 de julho de 2015

O filho pródigo e o ser indivíduo de verdade


Já li e ouvi bastante coisa sobre a parábola de Jesus sobre o filho pródigo.

Gostaria de aproveitar a parábola de Jesus de Lucas 15 como pano de fundo para uma analogia mais real e atual. Leia a parabola:


E Jesus disse ainda:
— Um homem tinha dois filhos. Certo dia o mais moço disse ao pai: “Pai, quero que o senhor me dê agora a minha parte da herança.”
— E o pai repartiu os bens entre os dois. Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntou tudo o que era seu e partiu para um país que ficava muito longe. Ali viveu uma vida cheia de pecado e desperdiçou tudo o que tinha.
— O rapaz já havia gastado tudo, quando houve uma grande fome naquele país, e ele começou a passar necessidade. Então procurou um dos moradores daquela terra e pediu ajuda. Este o mandou para a sua fazenda a fim de tratar dos porcos. Ali, com fome, ele tinha vontade de comer o que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. 
Caindo em si, ele pensou: “Quantos trabalhadores do meu pai têm comida de sobra, e eu estou aqui morrendo de fome! Vou voltar para a casa do meu pai e dizer: ‘Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não mereço mais ser chamado de seu filho. Me aceite como um dos seus trabalhadores.’ ” Então saiu dali e voltou para a casa do pai.

— Quando o rapaz ainda estava longe de casa, o pai o avistou. E, com muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou. E o filho disse: “Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não mereço mais ser chamado de seu filho!”
— Mas o pai ordenou aos empregados: “Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Ponham um anel no dedo dele e sandálias nos seus pés. Também tragam e matem o bezerro gordo. Vamos começar a festejar porque este meu filho estava morto e viveu de novo; estava perdido e foi achado.”
— E começaram a festa.
— Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando ele voltou e chegou perto da casa, ouviu a música e o barulho da dança. Então chamou um empregado e perguntou: “O que é que está acontecendo?”
— O empregado respondeu: “O seu irmão voltou para casa vivo e com saúde. Por isso o seu pai mandou matar o bezerro gordo.”
— O filho mais velho ficou zangado e não quis entrar. Então o pai veio para fora e insistiu com ele para que entrasse. Mas ele respondeu: “Faz tantos anos que trabalho como um escravo para o senhor e nunca desobedeci a uma ordem sua. Mesmo assim o senhor nunca me deu nem ao menos um cabrito para eu fazer uma festa com os meus amigos. Porém esse seu filho desperdiçou tudo o que era do senhor, gastando dinheiro com prostitutas. E agora ele volta, e o senhor manda matar o bezerro gordo!”

— Então o pai respondeu: “Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. Mas era preciso fazer esta festa para mostrar a nossa alegria. Pois este seu irmão estava morto e viveu de novo; estava perdido e foi achado.
Lucas 15:18-32


O filho mais novo sonha com prazeres, com aventuras... tem um comportamento anárquico, revoltoso, hedonista (busca seu prazer como uma razão de viver), querendo devorar sua parte nos recursos que o pai lhe deu, na velocidade e gula de vida que lhe pareciam certos. Querendo colocar os seus próprios temperos.

E não é esse o comportamento normal do ser humano? Anárquico, o tempo todo buscando prazer em cima de prazer, e querendo engolir a vida e os recursos que por amor e Graça nosso Pai nos dá todo dia...é a natureza originalmente caída e pecaminosa do homem o que o filho mais novo representa. A vida sem o equilíbrio, sem amor, egoísta, preso no próprio corpo e mente corruptos... Achando que sabemos tudo o que convém e tudo que faz parte de nós...
Então como primeira lição que aprendi desse texto:

O filho pródigo revoltado e indomável representa bem os homens normais longe de Deus

Um evento muda a história. O filho mais novo é tirado de cena. 
Ele se decepciona com suas certezas e com muita coisa em seu coração, coisas, desejos e iras que achava justas....Sua glutonaria de vida e prazeres lhe deu indigestão.

E aí eu aprendo mais uma coisa - nesse momento o filho mais novo começa a lapidação do seu ser, a individuação de si mesmo, descobrindo o quão voláteis são os prazeres, o quão frágeis eram os valores de sua revolução e insistência anarquista.
Começa a tirar de si o supérfluo, o que não é ele mesmo mas está impregnado nele.
Começa a descobrir em si mesmo o essencial, sua essência, começa a se despir de todo lixo de si mesmo e tornar-se um indivíduo, Alguém que pensa, que se conhece e se enxerga.

E ao se enxergar, entende seu erro, sua rebelião, e volta pra casa do pai sabendo de si mesmo que não é merecedor de ser restaurado. Pede ao pai que o permita ser como mais um trabalhador.qualquer. Trabalhar e suar para merecer desfazer a desonra. 

Muitos de nós são assim. Na ânsia de engolir a vida do seu jeito, nos decepcionamos e sentimos que pisamos feio na bola com Deus, Muita gente se propõe a qualquer loucura pra se redimir pra com Deus. Se enchem de proibições, nãos e regras...

Porém o pai o beija,não o trata conforme sua rebeldia mas o ama, o traz para dentro e finaliza o processo de individuação.
Põe um anel no dedo - marca da filiação, de pertencer ao sangue daquele pai.
Lhe pôs as sandálias, marca de quem não era escravo mas sim livre.
Lhe dá vestes novas. Celebra esse gesto da Graça com uma festa e sacrifício com sangue, animal imolado.

E da mesma maneira Ele nos recebe de braços abertos, gente que tinha morrido em seus devaneios e desequilibrios....nos traz pra perto de si e...

  • nos põe uma aliança baseada Nele e nos repatria como filhos diante do Universo;
  • Nos calça os pés pois não somos escravos mais das coisas que nos prendiam e das ilusões de prazeres e controles que achávamos ter....livres em Cristo!
  • Nos dá vestes novas, de alegria e não de pranto, de louvor em Sua presença
  • E tudo isso é selado por um sacrificio Eterno, sacrificio do sangue do Cordeiro imolado desde sempre na Cruz do Calvário.

Sim, agora o filho mais novo, pródigo, retorna como filho que se conhece, se fez gente consciente, que removeu suas ilusões e vive como um filho deve viver. Na sombra do amor de seu pai e gozando de tudo quanto lhe é dado nele .Idem para nós e nosso Pai...

E há quem não tenha tido coragem de se permitir vida, espírito, e apenas se resignou a  ficar morno no seu canto...esse é o filho mais velho, que se indignou e pranteou para seu pai que nunca ganhou nenhum novilho pra se banquetear com seus amigos....no fundo, no fundo, também queria farrear, gozar da vida e dos recursos mas não se manifestou em favor de uma ortodoxia que achava em sua cabeça...

Não se individuou nem lutou para remover de si o que não era legítimo. Apenas se resignou, numa mornidão sem reações. Apático mas um vulcão por dentro. Contido, espremido de medo de sair da linha em prol de um relacionamento de verdade com seu pai, mesmo correndo o risco de perder a compostura. Tanto que reage de maneira hostil ao seu irmão sendo bem recepcionado de maneira injusta mas amorosa e graciosa.

E quantos desses não existem por aí? Gente que não retrocede nem avança, que não se permite ter vida efervescendo em suas veias, não sai pra vida real nem encara os problemas e dilemas de si mesmo...está perto do Pai mas não se relaciona com Ele, se mantém no presépio ao invés de encarar que a vida e ele mesmo não são ideais e precisam se achar e se despir na presença de Deus. 

Acabam ficando invejosos, recalcados, e sequer aprendem com os erros dos filhos pródigos. Não aproveitam o Pai, não gozam da existência que Ele lhes dá:  "Tudo quanto é meu é seu filho" - poderia ele dizer na parábola - "o que faltou foi voce decidir o que quer mesmo".

Por isso o que eu aprendo também desse texto é que tem gente recalcada no mundo, que nem vive nem deixa viver, nem se despe nem aceita a nudez da alma do próximo diante de Deus. Gente que tá perto do Pai mas prefere calar ao invés de tratar. Fantasiar ao invés de encarar a realidade e chamar pelo nome aquilo que tem de feio em si.




Que aprendamos dessa parábola de Jesus a não cairmos em nenhum dos extremos, mas que aprendamos a nos permitir viver, ferver a vida em nós, despir-nos e mostrarmos nossa feiúra e nossas carências ao Pai, deixarmos ilusões de prazer e futilidades da alma pelo caminho sem precisar ir comer com porcos...e a gozar o que Ele nos dá e receber Dele o anel, a sandália e as vestes, e a intimidade do abraço ao redor do pescoço.

Porque o evangelho é convite pra vida, pra realidade como ela é fora de nós e dentro de nós, é convite à nudez da alma como nunca se viu desde Adão. É a vida leve e livre de tudo aquilo que nos prende de maneira invisível - o laço do prazer como meta de vida, da vaidade, do egoismo, dos exageros, das maldades...é chamar cada desejo e impulso pelo nome, levar diante de Deus e com Jesus reconhecer de onde vem, pra onde vai, ao invés de esconder pra si e viver de aparencias escondendo vulcões não tratados no coração.

Pense no vaso nas mãos do oleiro: se as cracas, pedras e impurezas estiverem do lado de fora, é mais fácil de limpar. Se estiverem encrustadas no interior, o oleiro precisará quebrar o vaso para purificá-lo. Aprenda pelo amor e pela gratidão, é mais fácil.

Permita-se viver! permita-se olhar pra si mesmo! permita-se iluminar seu interior com a luz de Cristo e ver o que tá sobrando, corroendo, que não faz parte legitima do ser belo e cheio de amor que reflete Deus - como Adão refletia no inicio!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

A justiça da religião e a de Cristo

A justiça da religião e a justiça de Cristo




Não, não concordo com o uso de crucifixos como supositórios, nem alusões e representações crucificadas que deturpem de propósito símbolos da fé cristã, muçulmana ou de qualquer outra. Se não é crime, deveria ser. Mas a raiz das afrontas na Parada Gay nasceram no seio evangélico.

Sim, você não leu errado. Mas calma lá que vou argumentar.

Estamos no meio de Jerusalém, por volta do ano 30 de nossa Era. Os escribas e fariseus, mestres na Lei judaica, trazem uma mulher que traiu o marido para ser apedrejada. Jesus diz a eles : "Quem estiver sem pecado algum, que atire a primeira pedra nela". Sentou-se e viu todos saírem muxoxos sem sua justiça feita. E sobra somente ela, a mulher, à qual ele perdoa os pecados, e convida a não mais pecar.

Na cena do apedrejamento, temos dezenas de pecadores que se sentem capazes de efetuar justiça sobre a mulher adúltera, aptos a aplicar a sentença de morte cruel a ela. É a lei, veio de Deus para Moisés, e era inquestionável.

O que Jesus evidencia é que nenhum deles ali estava apto a ser executor da sentença, pois pelo fato de todos ali serem pecadores, os torna tão réus quanto a mulher em questão. Se o pátio do templo virara um tribunal a céu aberto, então a presença deles ali era como uma rendição voluntária - deveriam estar junto dela no mesmo banco dos réus.

A aplicação de sentença deles era uma justiça pobre e hipócrita, que se achava capaz de tirar a si mesmo da situação, apesar de serem tão pecadores quanto, apesar de reunirem tantas provas contra si mesmos quanto o seu alvo. São bandidos julgando bandidos usando o Código Penal.

Por isso Jesus diz, em Mateus cap. 5, que nossa justiça tem que ser maior que a justiça dos fariseus e escribas, doutores da religião, mestres dos pode-não-podes. Pois não temos como sermos nada além de réus. 

Porém se seguirmos como discípulos, imitando-o com nossa vida e ser, então Ele, Jesus, se faz fiador eterno das nossas falhas, e nos tornamos réus refugiados na Graça, refugiados no Amor de Deus, na sombra da Cruz. Sempre seremos refugiados Nele, pois nada mais temos condições de ser do que fugitivos da Ira de Deus sobre o mal que há em nossa natureza. Mas Jesus assumiu pra si essa sentença, pagando nossa dívida. Escondidos na Cruz Dele, estaremos em paz. 

Mas toda vez que tentarmos sentar na cadeira de juiz, ilegalmente atuando como "oficiais de Justiça" sobre o outro, então estaremos saindo da sombra da Cruz, estaremos achando erradamente que não somos mais réus, que somos justos para atirar a pedra. 

Só sai da sombra da Justiça de Cristo, da sombra da Cruz, quem confia em si mesmo como sem pecado. Porém "se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemos Jesus passar por mentiroso, e a sua palavra não está em nós" (1 João 1:8-10)"

Jesus poderia ter tacado a pedra. Ele não tinha pecados. Mas preferiu a vida, preferiu ser amoroso, oferecer comunhão e Graça. 

Quando foi ser preso, após a traição de Judas, os discípulos incitaram a Jesus pra reagir. E Ele mesmo disse "voces nao sabem que eu poderia pedir e legiões de anjos desceriam para me defender?". Ele poderia, porém não o fez. Pois apesar de ser um direito Dele, Ele escolheu não exercer seu direito por amor a nós. Sem a renúncia de seus direitos, não haveria Cruz, não haveria Graça, não haveria perdão.

E nisso consiste a Justiça de Deus, pregada por Jesus, justiça que excede a dos escribas e Fariseus, doutores da religião. 
Não é na execução da sentença prevista, mas na abdicação da mesma em favor do outro, por amor ao outro. É sofrer a injustiça, por amor ao próximo. É sofrer a Cruz, por ver nela a chave da libertação do outro. 
Por isso mesmo Jesus diz: "Quem quiser me seguir, venha depois de mim, tome sua cruz e me siga. Voces ouviram o que é dito na Lei. Olho por olho. Porém eu digo a voces: se lhe acertarem uma face, oferece a outra. Se tentarem roubar sua capa, dá também tua túnica. Se lhe forçarem andar uma milha, anda duas".

Em outras palavras, além de nao podermos sentenciar, também sempre que nos sentirmos lesados por outro, devemos responder em amor, mesmo que, do ponto de vista nosso, seja justo sentenciarmos e punir à altura. Abdicar, desistir de retrucar, de devolver na mesma moeda...

Primeiro porque você é réu redimido e não tem moral pra sair de debaixo da Cruz. 
Segundo porque ao pagar o mal com o mal, não se mata ele. Apenas o realimenta. Ofensa pagando ofensa, alimenta o fogaréu da discussão. Afronta peitando afronta, apenas alimenta mais ainda um ciclo de morte, seja física, seja moral, seja de alma. Jesus nos diz pra pagar o mal com o bem, sufocando-o rapidamente, tirando do mal o combustível que ele poderia encontrar em mim. A bondade e o amor de Cristo desconcerta o mundo.

Quando Jesus cita essa lei, não é para olharmos com um olhar de condescendência falsa e piedosa aos não-crentes, como quem diz "coitados, eu sou superior na minha fé e santidade, deixe-me ajuda-los, vou oferecer a outra face pois ele é pecador tadinho"...mas sim para que saibamos como lidar conosco mesmo em relação ao outro quando nos sentimos ofendidos, injustiçados, traídos...são mandamentos reflexivos, são para dar etiqueta santa, bons modos, na tratativa entre os condenados que se refugiam na Cruz.

Jesus que é a Palavra de Deus, o Logos, não reagiu, não exerceu seus direitos de julgamento nem de castigo. Antes, aceitou ser humilhado, açoitado, rejeitado e até esquecido por homens de todas os séculos. Foi zombado. Se com o Mestre fazem assim, deveríamos esperar algo diferente para os que são discípulos?

Onde entra Malafaia e a Parada Gay?

A falsa sensação de serem procuradores de Deus, executores de sentenças celestiais, leva milhares de evangélicos a polarizarem a mídia e a política em uma Guerra Fria entre religião e movimentos tipo LGBTS. Réus de ambos os lados. Cristo oferecendo abrigo a ambos.

Aí os cristãos cutucam a onça na condição de sentenciadores, para um publico que já vive questões internas tremendas, espera apenas rejeição da sociedade, familia, Deus...gente machucada, gente assustada, gente que luta consigo mesmo...e esperam que eles retribuam polidamente?

Quando se propõe afrontas, manifestações e dedos condenadores dos líderes evangélicos - que se fizeram Papas evangélicos por nossa passividade - estamos alimentando um ciclo de morte, de pagar mal com o mal, por defesa da honra de Deus. 

Esse ciclo de morte do mal pago com mais mal, só favorece quem precisa e vive disso - pastores midiáticos e ativistas de ambos os lados. Gente que some sem escândalos semanais.

Não parece Deus precisar de advogado. Ele já deu ao mundo a  Igreja, que deveria ser manifestação da sua Graça, seu Amor, sendo Sal e Luz na vida de todos. Ele não faz questão de evitar a injustiça maior no Filho, Jesus tomou pra si as dores e condenações ao invés de mandar o mundo pro inferno....Se Jesus foi repelido, crucificado, desprezado e zombado...

Nosso bom testemunho já é uma carta viva de defesa. Esse ciclo de morte e afrontas só promove afastamento, reações cada vez mais exageradas e desequilibradas, de pastor chutando imagem de Maria, até gente fazendo crucifixo virar supositório...

Emitamos a nossa opinião sim! cobremos respeito pelos nossos símbolos sim! Mas ofereçamos ao publico todo (LGBT inclusive) comunhão, convivio em paz, sermos gente boa de Deus, anunciemos a Jesus,,,com opinião expressa mas não imposta. Com amor e abdicação em favor do outro, com misericórdia e não com justiça da religião, eles serão atraídos pelo doce perfume de quem faz a vontade de Deus,

Ensinemos sim profundamente desde nossa casa até a igreja, e crianças...pois pessoas bem treinadas nas suas doutrinas, não temem ondas de influência externas. Gera membros e crianças que sabem trocar de canal, sabem não assistir, sabem explicar...assim ao inves de tentar podar o mundo, ofereceremos a ele gente sólida e que brilha com uma luz que incomoda só por brilhar, e que aquece sem queimar ninguém. Nosso Senhor não pediu pra sermos tirados do mundo, mas para sermos salvos do mal.

Em Cristo, que podia ter reagido mas abdicou por amor e Graça,

Bruno

domingo, 1 de março de 2015

A igreja, os doentes e o amor ao próximo



Mais um verão chegou, e mais uma vez as epidemias e doenças típicas como dengue, viroses e afins. Dormimos com o ventilador ligado ou a janela aberta, com pouca vestimenta, e acordamos gelados, resfriados, gripados, com dor de garganta. Pisamos no chão descalços, tomamos muito sorvete e refrigerante gelado, cerveja "trincando de gelada"...

Em breve chegará o inverno, e com ele as epidemias e doenças típicas do clima frio.

Gostaria de considerar com você o papel da igreja nesse cenário todo. Estamos aqui no estado de SP, e em especial em Sorocaba, vivendo uma epidemia de dengue neste Fevereiro de 2015.

Vamos ver duas posições : UMA IGREJA QUE TRANSPIRA, e UMA IGREJA QUE RESPEITA.

UMA IGREJA QUE TRANSPIRA

A igreja não é o templo nem a bandeira da denominação, portanto entenda daqui pra frente no texto, que me reporto à igreja como "povo de Deus que se encontra semanalmente".

Primeiramente, a igreja tem um papel decisivo na sociedade, no sentido de que ela é e deve ser sempre usada por Deus para levar ajuda, ser sal, ser luz, ser as mãos e os braços de Deus na vida cotidiana. 

Deus ajuda? Intervém? Faz milagres e manda anjos? Claro que sim, mas não é de hoje que Ele nos dá, como filhos Dele, a oportunidade de nos tornarmos mais parecidos com Jesus e oferecermos uma fé completa, que não apenas diz acreditar, mas derrama suor na busca pelo bem dos demais ao meu redor. O apóstolo Paulo, no século I viu a necessidade e pobreza da igreja dos cristãos de Jerusalém, e ao invés de apenas orar, ele SE FEZ BOA NOVA e levantou entre as diversas comunidades cristãs (especialmente a Macedônia) uma ajuda e fez com que isso chegasse até a Judéia.

Fé sem olhar pro lado não é fé, é crença. A fé não somente suspira, nem aspira, mas só é real quando transpira!

A comunidade deve olhar para seus membros e buscar saber COMO agir em prol deles, levando alívio, procurando saber as necessidades, nem que seja companhia (se permitido pelo médico). E essa ajuda deve ser estendida a todo o derredor onde a comunidade cristã vive. Numa epidemia, os velhos e crianças estão vulneráveis? como podemos protegê-los?

Todos têm como se tratar??

Fazer mutirões pelo bairro, distribuir remédios ou proteções...tudo isso é ser Luz e ser Sal, dar gosto no mundo, com tempero de Jesus.

UMA IGREJA QUE RESPEITA

Quando alguém da comunidade da igreja esteja adoecido, especialmente se é contagioso, eu fico me perguntando porque o BOM SENSO é esquecido pelos membros ao se reunirem.

É gente com conjuntivite, com olhos esbugalhados, vermelhos, e achando que óculos escuro vai resolver o assunto. 

É gente com dor de garganta cavalar, quase sem voz, dando beijinho e botando a conversa em dia SEM AVISAR nada...

É gente caindo de gripe, e até mesmo gente com DENGUE, que se presta a ir em TODAS as programações da igreja, independentemente da quantidade de gente presente.

E antes que venham falar, dengue pega sim, se houver insetos picadores como pernilongos no ambiente que possam fazer a mediação.

Gente com virose que vem dar "Paz de Deus".

E pior, ainda tais pessoas vêm interagir e brincar com bebês, criancinhas...nossos filhos, sobrinhos e netos. Pequenas pessoas que ainda não tem uma carcaça escolada em viroses como os adultos.

Gente amada, gente de Deus, tenham bom senso!! Você interage com dezenas de pessoas na igreja, cumprimenta, coça, tosse, abraça, beija...são partículas e gotículas de saliva, que saem pela sua respiração, pelo seu falar...você esfrega os olhos ou põe o dedo na boca e depois encosta no banco da igreja, na mão do outro...

Só porque a interação é dentro do templo, não significa que Deus "esterilize" com um álcool gel espiritual a nossa interação lá! Crente também fica doente! não vale citar o capítulo final de Marcos onde diz que "pisarão em escorpiões e levarão picadas de cobra, tomarão veneno, e nada lhes acontecerá". Se expor ou expor os outros à sua doença é, no mínimo, tentar a Deus, esfregar a Bíblia na cara Dele e dizer "ei, você é obrigado a não me deixar adoecer". Se assim fosse, não teríamos crentes nas filas de consultórios médicos e hospitais!

Levar seu vírus, sua dor de garganta, sua doença pra dentro do templo é uma falta de consideração enorme, é falta de amor e preocupação com os irmãos. E sem amor, já diz Paulo ao Coríntios, de nada vale a sua fé ser gigante.

A própria bíblia nos traz a mensagem: "cada um procure aquilo que é proveitoso para o outro, e não para si mesmo". Sendo assim eu deveria preferir não ir doente e prejudicar meus irmãos do que ir só porque eu sinto falta de ir no culto.

Tenho reticências ao fazer uso do Antigo Testamento, mas uma coisa é clara: pessoas doentes Deus orientava a ficarem afastadas dos aglomerados de gente e do arraial.
Os hebreus nem sabiam que existia vírus e bactérias, mas Deus sabia e deixou isso evidente.

Exerça amor pelo seu irmão em Cristo, não leve doença pra igreja, especialmente as que passam de um pro outro (contagiosas).

Há até quem bata no peito e diga "estou caindo de gripe, estou até sem voz de tanta dor e garganta, mas VIM NA CASA DE DEUS PRA ADORAR". 
A pessoa ainda chega a pensar que tal sacrifício agrada a Deus...é gente que pensa que bater ponto nas reuniões semanais e programações, faz dela mais santa ou mais protegida.

Primeiro que Deus não tem casa. A igreja que Deus tem é , nas palavras de Paulo, "um edifício vivo, feito de pedras vivas (eu e você), edificados sobre a pedra angular e principal chamada Jesus Cristo". O templo é apenas conveniente pra abrigar tanta gente. Deus mesmo diz a Salomão: "em que casa habitaria eu?"

Segundo, que adoração e louvor é vida aplicada, e não um momento da semana. Não se encontra Deus no templo, se encontra no existir. Lá encontramos na igreja-templo os irmãos e com eles nos alegramos, oramos, aprendemos. E Jesus promete sua presença nesse ajuntamento santo. Ponto.

Assim sendo, seja misericordioso, e poupe os irmãos da igreja dessa carga de doenças...basta ser ruim pra você. Pode ser que o outro sofra muito mais que você, gaste um dinheiro com remédio que ele não possui, e vá pra um hospital que o convênio médico dele não cobre. O filho dele pode queimar a noite toda de febre...

Você é capaz de dormir com isso na sua consciência? Qualquer um que siga a Jesus de verdade não ficaria em paz.

Estenda a mão, faça sua fé suar e tenha bom senso!!