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domingo, 28 de junho de 2020

Os verbos importam

Os verbos importam

Verbos indicam ação, movimento, atitude. Algo feito por alguém internamente (como sentir, desejar, amar ou odiar) ou externamente (pegar algo, sentar-se, etc).  Aprendemos a conjugar estes verbos na escola, nos cursos de idioma, nas velhas tabelas:



Nossas ações, os verbos que tomamos interna e externamente, são muito importantes. No Reino de Deus, somos chamados a prestar atenção no que fazemos (externo) e no que pensamos, nutrimos por dentro (interno). E antes de tudo, somos convocados a viver em verdade - aquilo que está interno, seja refletido externamente. Que o nosso "Sim" seja verdadeiro, autêntico, tanto quanto nosso "Não". Sem hipocrisia. Aliás, hipocrisia significa em grego "uma decisão/escolha escondida", também fazendo menção aos atores gregos, que usavam máscaras durante a encenação.



O verbo atribui ou reflete aquilo que o sujeito da frase é

Jesus é o salvador porque ele nos salvou.
Aquele que mata, é assassino, homicida. 
O mentiroso é assim chamado porque mente.
Só é seguidor quem tem sua vida focada em SEGUIR a Jesus.

Deus o Pai é definido muitas vezes usando-se de verbos (em hebraico): Jeová Jirê (o que provê), Jeová Rafá (o que cura), Jeová Shalom (o que dá a paz), Jeová Macadeshem (o que santifica).

Jesus é citado por João em seu evangelho, como O Verbo. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Aqui João está focado em apresentar o evangelho em uma linguagem que combatesse a seita dos gnósticos. Quando ele usa o Verbo, em grego ele usa o Lógos, que de maneira muito simplificada, é um conceito da filosofia grega antiga, que significa o princípio último, criador a partir do qual o universo foi feito e todas as coisas são derivadas. Esse assunto é longo, rico, e aprofundá-lo não é o foco neste artigo.

Quando olhamos os registros bíblicos, sempre buscamos ver as atitudes dos sujeitos narrados ali. O que disseram, fizeram, e assim temos uma referência para nossa reflexão. Somando-se a isso o fato de Jesus ser O Verbo, proponho darmos uma olhada nos verbos praticados por aqueles que estavam com Deus, e os verbos daqueles antagonistas relatados na Bíblia.

Em 2 Cr 7:14, Deus estabelece uma aliança de verbos com seu povo, conversando com Salomão. Ele exige que seu povo sempre busque :
  • Se ARREPENDER
  • Se HUMILHAR
  • ABANDONAR seus pecados
  • ORAR
Então Ele o Senhor irá reagir com seus verbos. Ele irá:
  • OUVIR (as orações)
  • PERDOAR
  • SARAR (a terra)
Em adendo a estes verbos, em outros trechos aparecem outros verbos associados aos que temem a Deus e seguem a Cristo:
  • Suportar (a aflição, a injustiça, a perseguição)
  • Dar suporte (ao próximo, aos inimigos, a quem é vulnerável)
  • Perseverar (na fé, apesar dos sofrimentos)
  • Obedecer
  • Atentar-se (a si mesmo e aos demais ao seu redor)
  • Cuidar
  • Socorrer (física ou materialmente) alguém
  • Admoestar
  • Exortar (com respeito e carinho, como a um familiar querido)
  • Denunciar (o pecado, a injustiça, o erro, a fim de livrar alguém da morte)
  • Interceder
  • Confessar (a Deus e uns aos outros como irmãos)
  • Negar-se (a si mesmo)
  • Temer (a Deus)
  • Confiar (em Deus)
  • Pregar, compartilhar o evangelho
E o mais importante de todos: AMAR (a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a mim mesmo), o verbo essencial (1 Co 13).

De semelhante modo, existem vários verbos que estão intimamente ligados com os inimigos de Deus, ou com pessoas que Deus condena ao longo da história bíblica. São ligados a uma outra natureza, que não é promotora do Reino de Deus.
  • Matar
  • Roubar
  • Destruir (Jo 10:10)
  • Acusar (o diabo é o grande acusador, Ap 12:10) Zc 3:1
  • Enganar
  • Disfarçar-se de bom, sendo mau (2 Co 11:14)
  • Mentir ou dar falso testemunho (Jo 8:44)
  • Pecar (1Jo 3:8, e Ef 4:26-27)
  • Ameaçar, fazendo tocaia, cerco, terror (1Pe 5:8-9)
  • Induzir alguém ao erro/pecado - Mt 18:6,7
  • Trair ou induzir alguém a trair (Jo 13:2)
  • Tentar, provocar (alguém) - Mt 4:1
  • Incendiar (pessoas, nações) em revolta - Ef 6:16
  • Revoltar-se (contra as autoridades, criar revoltas) - o diabo foi o primeiro revolucionário, levando consigo 1/3 dos anjos rebeldes.
  • Agredir (usar da violência)
  • Humilhar (o outro, não a si mesmo)
  • Orgulhar-se, envaidecer
  • Odiar (pois quem odeia é assassino - 1Jo 3:15)
Veja que nenhum destes verbos consegue ser associado à pessoa de Jesus, ao seu coração manso e simples. Juntando todos esses verbos, temos uma pessoa que mais parece um animal selvagem, perigoso e indomável, mortal. Aliás, muitos deles são abertamente associados com o Diabo, como matar, roubar, destruir, mentir, acusar.

Sendo assim, nós os cristãos, temos que manter nossa vida sendo movida, agitada pelos verbos da primeira lista, e não desta última, fugindo de quaisquer convites ou propostas que os contenham.

Pare, e pense sobre os frutos das suas ações, das bandeiras que você defende, das atitudes que você tem influência - elas produzem morte, destruição, difamação, roubo, agressão, revolta, depredação, ódio? ou todas estas coisas estão camufladas sob o aspecto de um "anjo de luz", como se estas fossem "consequências indesejadas" de uma causa nobre?

Mesmo dentro das igrejas essa lista pode ser diabolicamente camuflada, como desde os tempos de Jesus já o era. Ministérios que louvam, mas matam, difamam, traem, humilham os membros. Há sepulcros caiados, verdadeiros diabos travestidos de anjos de luz pelas igrejas mundo afora, gerando dor, má fama para o Reino e criando uma massa de "desigrejados" machucados pela própria comunidade que devia curar. 

Mas e a motivação do verbo, entra onde?

Nos registros bíblicos, vemos que a motivação (os verbos internos, que revelam a verdadeira intenção) são primordiais para avaliar o que se mostra por fora (os verbos externos, visíveis).

Vemos que até mesmo um verbo da "lista boa" pode acabar sendo mau, quando na verdade internamente o resultado esperado é outro.

Um fariseu orando em voz alta, é denunciado por Jesus como alguém que não esperava ser ouvido por Deus, mas pelos homens. Jesus diz que esse fariseu já recebeu o que queria (atenção e prestígio dos outros, como se ele fosse muito devoto). O mesmo se dá quando o religioso dá esmolas publicamente. 
Jesus denuncia também os religiosos que "consagram coisas a Deus" ao invés de ajudar seus próprios pais. Dão dízimo até das ervas mas se esquecem do pobre.

Uma ação "boa" externamente, com a motivação interna ruim, ou dissociada de um interior santificado, é reprovada por Deus, tornando a pessoa em um "sepulcro caiado", um túmulo que por fora é branco como se pintado por cal, mas por dentro é podre, sujo.

Obviamente que uma ação ruim é ruim em qualquer caso, independentemente da motivação, pois "é do coração que procedem todas as maldades" (Mt 15:19, Mc 7:21).

O mesmo vale para as não-ações. Abster-se de uma ação externa não significa estar correto diante de Deus. Não trair fisicamente, mas olhar com desejo, é exposto por Jesus como sendo a mesma coisa, apenas terá consequências diferentes aos envolvidos. Não matar mas odiar uma figura ou pessoa, é o equivalente de homicídio para Deus, a diferença está apenas na lei dos homens.

Assim como deixar de fazer o bem é contado como pecador (Tg 4:17).

Nossos verbos contam muito, e somos convidados a conjugar o Reino de Deus onde quer que estejamos, para que o mundo possa por alguns minutos de convivência, enxergar um pouco dO Verbo, e irem atrás da Verdade.




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